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Divergência de interesses faz partidos terem dificuldades de fechar federações

Consideradas uma solução para o multipartidarismo da política brasileira, as federações partidárias não têm apresentado o resultado esperado. No campo da esquerda, até o momento, apenas duas alianças desse tipo tendem a serem formalizadas. Rede e PSol anunciaram, no sábado, que pretendem seguir o modelo definido pela legislação. E há conversas entre PT, PCdoB e PV, com uma improvável participação do PSB. A negociação PT e e PSB têm sido marcada por desencontros.

Entre partidos de centro e direita, o Cidadania e o PSDB também costuram uma aliança que dá sinais de avanço. A aproximação ocorreu após o ensaio do tucanato em se unir ao MDB. Mas a federação ainda não vingou, possivelmente por um impasse em relação ao candidato escalado ao cargo da presidência.

Nesse espectro político, ocorreu a fusão entre DEM e PSL, que culminou na formação do União Brasil (UB). Essa aliança, no entanto, não caracteriza uma federação. Significa dizer que, com exceção da tratativa entre PSDB e Cidadania, há poucas negociações em torno da modalidade partidária lançada pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A percepção, no entanto, é de que a negociação para articular as federações têm evidenciado ainda mais as diferenças entre direita e esquerda.

Valdir Pucci, professor e mestre em ciência política, considera a federação dos partidos uma construção idealizada pelo poder legislativo, mas sem entendimento profundo. Para ele, as legendas têm muita dificuldade em fechar um acordo, em razão da diversidade de interesses. “A federação nasceu como uma substituição às coligações, mas os partidos no Brasil têm características ideológicas. Isso faz com que os interesses locais, os interesses regionais sejam muito fortes. Então, enquanto uma coligação existia, era voltada para uma eleição, dando força a quem se unia. A federação acaba engessando os partidos, o que é muito ruim, porque vai durar quatro anos”, disse.

Entre os integrantes dos partidos, as críticas são evidentes e dificultam uma aliança. “O PT tende a ser hegemonista e, no momento da articulação, adota uma postura de querer assumir as lideranças, por exemplo, à frente do governo e no controle de estatais. Agem como os bolcheviques”, reclama um congressista que prefere não ser identificado. Porém, na política isso não funciona. “Em uma mesa de negociação, é preciso uma sensibilidade de autonomia para tocar”, acrescentou.

O deputado federal Victor Hugo (União-GO), que irá para o PL, partido de Jair Bolsonaro, durante a janela partidária, acredita não haver uma direita consolidada. Segundo ele, os partidos estão mais concentrados no centro, e a facilidade em conjugar interesses vem da força de um líder. “Os partidos de centro e centro direita têm mais facilidade de se agregar por causa de um líder, que influencia o partido. A própria direita ainda está se consolidando, mas a unidade que se tem criado na base em torno de Bolsonaro favorece o movimento”, avalia Hugo.

“No caso da esquerda é o contrário, porque se tem um líder desagregador. A insistência do PT em continuar se reunindo em torno de um ex-criminoso desagregou muito a esquerda e isso causa problemas na hora de federar”, comparou o deputado.

Fonte – Diário de PE 

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