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‘Esquecem da gente’, diz moradora de comunidade no limite entre Recife e Jaboatão onde mais de 20 morreram devido às chuvas

Mais de 20 das 93 mortes provocadas pelas fortes chuvas e deslizamentos de barreiras no Grande Recife ocorreram em Jardim Monte Verde, comunidade que fica no limite entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes. “Não vem ninguém. A gente é esquecido”, reclamou a dona de casa Francineide Alves, de 47 anos.

Nem mesmo quem vive no local consegue entrar em consenso sobre a localização da comunidade. Alguns dizem que é uma área do Recife, outros falam que a região pertence a Jaboatão. Mas todos concordam que essa incerteza sobre a real localização geográfica da comunidade dificulta a vida dos moradores.

O governo estadual não divulga o número de mortes por local, por isso não é possível precisar quantas pessoas faleceram ao todo em Jardim Monte Verde. O Corpo de Bombeiros, no primeiro dia de buscas, informou que eram mais de 20 vítimas.

O operador de máquinas Willamas Gomes da Silva, de 46 anos, relatou que a população sai perdendo já que as duas prefeituras não entram em consenso sobre as responsabilidades acerca da comunidade.

“Quando precisa de uma ajuda de calçamento de rua, limpeza e até mesmo lona, quando vai se pedir a prefeitura de Jaboatão, ela diz que a área é do Recife, mas, se for antes no Recife, diz que tem que ser da prefeitura de Jaboatão. Por isso, fica esse jogo e a população fica à mercê da chuva, do lixo. Tanto é que, até para a coleta de lixo, fica essa briga. No contexto final, quem perde é a população”, disse o morador.

A confusão é a mesma nas correspondências e nas placas que estão nas vias da comunidade. Na Rua Serra e Souza, que fica ao lado do local onde 11 pessoas de uma mesma família foram encontradas mortas após o deslizamento, a placa é da prefeitura do Recife. No entanto, a equipe da Defesa Civil de Jaboatão atuava no local nesta segunda-feira (30).

“Como tem muito morro, o pessoal não vai morar em morro porque quer, é pura necessidade, mas quando vai pedir ajuda é assim. Na época de eleição, o pessoal até chega junto, mas, depois que passa, vai ficando cada vez mais complicado”, declarou Willamas.

A dona de casa Maria Jose Alves da Silva Santos, de 68 anos, mora há 27 deles na comunidade. Ela contou que nunca tinha visto nada parecido com a tragédia que devastou famílias internas no Jardim Monte Verde. A moradora, que afirma que o local pertence ao Recife, cobrou providências.

“O que passa é que vai morrer todo mundo, não vai sobrar ninguém. A gente mesmo não pode entrar dentro de casa, não pode dormir porque tiraram a gente. Por que os governantes não mandam botar a lona? Por que fez um muro de arrimo aqui em baixo e na barreira lá em cima, o que foi que ele fez? Nada porque nem os paus cortou”, disse.

Fonte – G1

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