Descaso do governo com pecuária mantém Pernambuco em isolamento sanitário
No ano passado, uma auditoria realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) detectou sérias deficiências na estrutura de fiscalização da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado.
De acordo com produores, as consequências das constatações feitas pela auditoria vieram à tona no último dia 25 quando o Mapa publicou a Portaria nº 665 que incluiu Pernambuco entre os cinco estados que ainda permanecerão em isolamento sanitário como prevenção contra a febre aftosa que ataca os rebanhos bovinos.
Até agora, apenas Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso tinham o reconhecimento de zona livre de febre aftosa sem vacinação. A portaria colocou mais 17 estados nessa condição.
Assim, em todo Brasil, apenas Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas estão obrigados a continuar vacinando seus rebanhos e proibidos de comercializar animais para zonas livres sem vacinação.
As precárias condições de funcionamento da Adagro já existiam em gestões passadas e continuam no atual governo, segundo documento enviando ao blog pelo Sindicato dos Servidores de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco – Sindagro/PE, que credita a atual condição de Estado no cenário de combate à febre aftosa ao “abandono da defesa agropecuária”.
O documento relata que a auditoria do Mapa identificou “inúmeros entraves no serviço, limitando e/ou impedindo as ações de fiscalização imprescindíveis para os avanços preconizados pelo Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA).
Para o Sindicato, essas deficiências são resultado da “ausência de investimentos no Serviço Veterinário Oficial na esfera estadual, que apresenta inúmeras deficiências estruturais, desde a limitação de recursos humanos e péssimas condições de trabalho e remuneração dos servidores, a significativas falhas nas estruturas físicas da Adagro”.
As falhas apontadas na Adagro têm implicações ainda mais sérias tendo em vista que a autarquia também é responsável pelo controle de outras doenças na área animal, como a influenza aviária, e pelo controle da comercialização de produtos vegetais, incluindo a fiscalização do uso de agrotóxicos em frutas e verduras.
O pecuarista Alex Costa, também presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Pernambuco – Sindileite, disse que o isolamento sanitário traz grandes problemas financeiros para o Estado e para os pecuaristas porque limita as possibilidades de comercialização de bovinos para outros estados.
Além disso, ele explica que Pernambuco tem tradição em produção de animais de alta linhagem para melhoria de rebanhos. Com o isolamento, os pecuaristas desse segmento ficam impedidos de classificarem seus animais nos rankings nacionais porque os bovinos não podem ser levados para participar das exposições pecuárias em outros estados.
“O fato é que os governos não estão dando atenção ao setor. Falta uma fiscalização mais efetiva, mais série e educativa”, afirma. Para ele, também é fundamental um programa de apoio para que os pequenos pecuaristas tenham condições de vacinar seus animais.
Fonte – Blog do Jamildo
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