Humberto foge da campanha de Marília no Recife
A decisão da executiva nacional pela candidatura própria do PT na capital pernambucana põe em xeque a permanência do grupo político de Humberto Costa em cargos estratégicos da Prefeitura do Recife e do governo do Estado. Para arrefecer os ânimos, a pré-candidata da sigla, a deputada federal Marília Arraes, convidou o senador para coordenar sua campanha.
Ontem, em entrevista ao programa Frente a Frente, ancorado por Magno Martins, titular deste blog, ela reiterou que tem conversado com Humberto para liderar sua jornada rumo à Prefeitura do Recife, mas que o correligionário tem hesitado em assumir esse papel. “Temos conversado com o grupo do senador Humberto Costa, que é uma figura extremamente respeitável na política e estamos buscando tratar com a maior deferência possível. Seria um excelente ganho para a nossa candidatura tê-lo como coordenador. Ele já externou que tem outras tarefas nacionais e é verdade. É provável que Humberto fique com uma coordenação mais no âmbito nacional, mas continuo reiterando essa vontade”, declarou.
Marília também minimizou as dificuldades enfrentadas para obter apoio dentro do próprio partido. “Nós temos tentado resolver as dificuldades que existem. Eu me reuni com o presidente estadual [do PT], Doriel Barros, com o presidente municipal, Cirilo Mota, e também com o deputado federal Carlos Veras. Aos poucos, vamos aparando as arestas porque o importante é discutir a cidade. Na verdade, costumo dizer sempre: o povo está preocupado em saber o que pensamos para o Recife, e não o que pensamos um do outro, as divergências internas que agora têm que ser superadas”, analisou.
A prefeiturável petista considera que superou a polêmica envolvendo sua candidatura, o que chamou de “novela mexicana”. “Desde o início do ano já estava com esse indicativo, de que a intenção do PT era de fato ter uma candidatura própria aqui [no Recife], até porque é uma das mais competitivas que temos no país. Agora, enfim, teve o último capítulo dessa novela mexicana.
O processo de construção política é permanente, de tentativa de unificação do partido também, e a gente tem feito esforços para isso”, comentou.
Sobre os cargos ocupados por petistas na Prefeitura, Marília Arraes também desconversou e disse que não se movimentará para a debandada da sigla destes postos nos governos municipal e estadual, ambos geridos pelo PSB: “Essa decisão deve ficar a critério do diretório municipal. Eu não vou interferir nesse tipo de procedimento. Não [é uma situação estranha] para mim.”
A parlamentar também aproveitou para fazer críticas à gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB), cujo apadrinhado é o deputado federal João Campos, pré-candidato socialista à Prefeitura e primo de Marília. “Eu me incomodo quando passo pela ponte do Pina e vejo palafitas. Eu me incomodo quando vou aos morros e vejo barreiras sem fazer, com lona preta cobrindo, que junta rato, barata… Me incomodo quando vejo situações na cidade do Recife que deveriam ser priorizadas. É isso que me gera incômodo. Tenho discutido a cidade do Recife desde março, quando o diretório nacional [do PT] decidiu que haveria candidatura aqui. Situação política, picuinha, não interessa para o povo”, explicou.
“Nós estamos construindo um programa de governo, debatendo a saúde, o desmonte que tem acontecido na atenção básica, com propostas para resolver a falta de medicamento nas farmácias dos bairros, o uso de telemedicina, implementado agora em São Paulo. Temos discutido muitas coisas na cidade, como as creches. Estamos elaborando um projeto para zerar as filas de creches e o número de palafitas, além de erradicar 1/3 dos pontos de risco dos morros até o segundo ano de governo. Tudo isso que está por fazer no Recife me deixa incomodada”, concluiu.