As conversas entre o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nos bastidores, vêm se dando desde meados do ano. Os acenos trocados publicamente entre os dois, no início desta semana, foram só a cereja do bolo de uma construção que vem sendo pavimentada silenciosamente há algum tempo.

A interlocutores, Lula não arrodeia e deixa claro que “tem simpatia” por ter o paulista como candidato a vice em uma chapa presidencial. “Eles se falam com certa frequência, tem tido conversas frequentes”, observa, à coluna, o senador Humberto Costa, que desembarcou, ontem, no Brasil, após acompanhar Lula em sua viagem pela Europa.

Só dois parlamentares estiveram na comitiva do líder-mor do PT pelo velho continente. O pernambucano foi um deles e o outro foi o deputado federal Arlindo Chinaglia. Humberto admite que Alckmin é “uma possibilidade” para compor a chapa presidencial, mas pondera que a preocupação primeira de Lula é “impedir que o presidente Jair Bolsonaro continue à frente do País e, pra isso, é necessário a construção de uma unidade, de uma frente política ampla, que envolva PT, PSB, PCdoB, PSOL e, se possível, avance para o centro”.

O que “Lula deixou transparecer”, explica o senador, é que, “se a frente política for menor do que está se imaginando, a vice deverá caber ao PSB”. E prossegue: “Se Alckmin for para o PSB e quiser ser vice, eu sinto que Lula gostaria”.

Caso uma frente política mais ampla se consolide, isso pode levar o líder-mor do PT a examinar outros nomes, ainda que de fora do ninho socialista, como forma de atrair apoios de outro campo. Nas coxias do PSB, lideranças têm dito que a travessia de Alckmin para o partido interessaria ao ex-presidente da República, que estaria fazendo a ponte, enquanto caberia ao PSB aceitar, ou não, essa “oferta”.

Humberto faz questão de realçar, entretanto, que o PT “não pode dizer o que o PSB vai fazer” e que “não é o PT que está articulando isso”. E acrescenta que a intermediação vem sendo feita por Márcio França, nome do PSB cotado para a vice de Alckmin numa corrida pelo Governo de São Paulo, ou para, eventualmente disputar o Senado. A discussão envolve Márcio França, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin. Haddad e o tucano tem uma relação boa. O ex-prefeito de São Paulo tem sido uma ponte entre o tucano e Lula, enquanto Márcio faz o meio de campo de Alckmin com o PSB.
Fonte – Folha PE

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