O exemplo do Recife
A Constituição Federal promulgada em 1988 diz que os poderes são harmônicos e independentes entre si, garantindo ao executivo, legislativo e judiciário autonomia para atuar da forma como lhe aprouver, mas sugere que o cenário ideal é que possam atuar em sintonia pelo bem da população. Tivemos dois exemplos recentes de desarmonia entre os poderes em que o chefe do executivo foi o maior prejudicado, mas acabou respingando em outros atores. A briga entre a então presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara à época, Eduardo Cunha, culminou no impeachment de Dilma Rousseff e depois na prisão do próprio Cunha. No fim, a desarmonia entre eles acabou prejudicando os dois.
Mais recentemente tivemos o ex-presidente Jair Bolsonaro, que optou pelo confronto com o Supremo Tribunal Federal e acabou sendo o grande prejudicado, ao ser o primeiro presidente da história a disputar a reeleição e não conquistar o segundo mandato. Uma relação minimamente salutar com o STF dificilmente teria reabilitado os direitos políticos de Lula e Bolsonaro poderia ter sido reeleito, uma vez que faltou pouquíssimos votos para sua vitória. Contra outro adversário, talvez ele ainda fosse presidente.
Na capital pernambucana temos um exemplo muito claro em que o poder executivo e o poder legislativo podem funcionar em perfeita sintonia. O prefeito João Campos, que tem excelente relação com o vereador Romerinho Jatobá, presidente da Câmara, em quase três anos de governo nunca sofreu uma derrota no legislativo, e obteve a autorização da Casa de José Mariano para contrair o empréstimo de R$ 2 bilhões, fundamental para alavancar sua gestão. Se tratasse a Câmara com desdém, talvez não conseguisse atingir os avanços que tem conquistado na cidade.
Fonte – Blog Edmar Lyra