Os anões da mídia
Ao observar o noticiário nacional dos últimos dias, com reprodução no Jornal Nacional das opiniões de vários governadores sobre a crise no Governo Bolsonaro, especialmente a queda de mais um ministro da Saúde, constatei o óbvio ululante: os menudos do ex-governador Eduardo Campos, Paulo e Geraldo, não deram certo. Pernambuco perdeu, infelizmente, a supremacia política que detinha no Nordeste, taco a taco com a Bahia e o Ceará, em alguns períodos bem acima, como na própria era Eduardo.
A palavra de Eduardo era ativa, permanente e quase que obrigatória em assuntos que a TV-Globo repercutia no plano nacional. Lá atrás, Roberto Magalhães, Gustavo Krause, Miguel Arraes, Joaquim Francisco, Carlos Wilson e Jarbas Vasconcelos foram presenças frequentes no Jornal Nacional. Entre quinta e sexta-feira da semana passada, o JN ouviu os governadores Camilo Santana (CE), Rui Costa (CE) e até Flávio Dino (MA) sobre a queda do ministro, mas Pernambuco foi completamente ignorado. Na Bahia, até o prefeito de Salvador, ACM Neto, deu pitaco.
Dá orgulho e alegria ver o governante do seu Estado falando com o peso da sua representatividade nos telejornais nacionais. Por critérios de peso político e presença nacional, a Globo só pauta quem é notícia, quem tem capacidade de influir e decidir. Há muito, Pernambuco está longe de se inserir nesse contexto. Só tem sido gigante, para a infelicidade nossa, na matança de gente pelo Covid-19. Virou anão de mídia nacional. A opinião do insosso e inodoro Paulo Câmara é completamente ignorada, enquanto o prefeito Geraldo Júlio só é a bala que matou Kennedy na aldeia recifense.
E olhe lá! Triste sina para um Estado que rugia como Leão do Norte e que assistiu, com o passar do tempo, sua liderança política virar letra morta. No centro nevrálgico do poder e na burocracia de Brasília, Arraes, Jarbas, Krause, Magalhães e Eduardo dispensavam apresentação da carteira de identidade. Eram figurinhas carimbadas pela forte presença na cena nacional.
Hoje, na chegada para uma simples audiência no Planalto, os atendentes exigem identidade de Câmara e Geraldo, ilustres desconhecidos por falta de DNA de calibre grosso.
Desde os anos de chumbo, Pernambuco detinha cadeira cativa na mídia nacional, com Barbosa Lima Sobrinho, Agamenon Magalhães, Armando Monteiro Filho, Moura Cavalcanti e Marco Maciel. Este, fora de cena pelo terrível mal do Alzheimer, ocupou todos os cargos que um político sonha, de deputado a presidente da República, mesmo de forma interina durante os oito anos que exerceu o cargo de vice-presidente no Governo Fernando Henrique Cardoso.
No Congresso, Pernambuco também foi altivo. Teve dois presidentes de Câmara: Inocêncio Oliveira e Severino Cavalcanti. Lideranças de proa, cada um ao seu modo e prática ideológica, como Cristina Tavares, Egídio Ferreira Lima, Maurílio Ferreira Lima, Fernando Lyra, Carlos Wilson, Ricardo Fiúza, Armando Monteiro Neto, Sérgio Guerra e, atualmente, os senadores Fernando Bezerra Coelho, Jarbas Vasconcelos e Humberto Costa.
Alguém pode até discordar de um nome ou outro, como Silvio Costa, que usou bravatas para defender Dilma e ganhou relevo, mas todos tiveram e ainda têm destacada presença na política nacional, ao contrário dos atuais governantes de viés socialista da boca para fora. Vencer uma eleição é muito fácil, bastam estratégias específicas para isso. No entanto, ser um grande político é que são elas. Político é ser líder em potencial. E liderança depende de comunicação, flexibilidade e congruência. Exige poder de visão associado à lógica e a intuição, como unir mentes e corações num processo de liderança apaixonante, levar a paixão para uma realidade de vida num Estado ou nação.
Muitos nascem líderes, mas tudo na vida pode ser aprendido com treinamentos e experiências. Eduardo, com a sua sagacidade, conseguiu aprender os caminhos da pedra com Arraes, mas não fez escola. Seus menudos não se tornaram líder de verdade, porque não têm a capacidade de descobrir poderosas estratégias para romper todos os grilhões da resistência. Liderança política não se ensina na escola, se forja ao longo da experiência, na prática da lida diária, no enfrentamento de embates, na construção de alianças e consensos e, por fim, na conquista da simpatia popular expressa na vitória eleitoral.
Fonte – Blog do Magno