Desunião fortalece Raquel
Estremecida desde o fim do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição, a relação entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) continua a dar sinais de que caminha a passos lentos para uma resolução amigável, ou ao menos favorável a ambas as siglas.
O mais recente capítulo se deu após a declaração do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), há dez dias, pela candidatura da deputada federal Tábata Amaral (PSB) à Prefeitura de São Paulo. Endossado pelo ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), o posicionamento vai na contramão do que tem defendido Lula, favorável a uma aliança em torno do deputado federal Guilherme Boulos (Psol).
Essa briga de braço tem se repetido em praticamente todos os Estados, e em Pernambuco não tem sido diferente. Um exemplo é o cenário na capital para o pleito de 2024. Candidato natural à reeleição, o prefeito João Campos (PSB) tem intensificado as conversas com a executiva nacional do PT pela manutenção da sigla na Frente Popular.
Mas, apesar de caciques petistas no Estado terem se posicionado favoráveis ao alinhamento com os socialistas no Recife, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o martelo venha a ser definitivamente batido. A bem da verdade, repousa nas mãos do senador Humberto Costa, presidente do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, a decisão final. Humberto defende a continuidade do alinhamento entre as duas siglas, mas o condiciona a um espaço de protagonismo na chapa de João Campos.
Esse imbróglio, no entanto, tende a aumentar o desgaste com o passar do tempo, favorecendo única e exclusivamente a governadora Raquel Lyra (PSDB), que tem caminhado por todo o Estado cumprindo agendas institucionais enquanto intensifica o diálogo com lideranças políticas, rotina que tem estendido à capital federal, garantido livre trânsito tanto na Esplanada dos Ministérios quanto no Palácio do Planalto.
Enquanto PT e PSB seguem batendo cabeça por questões que deveriam ter sido resolvidas de forma pragmática e longe da imprensa, Raquel corre solta como se estivesse comendo papa, pelas beiradas, criando as condições para dar musculatura ao projeto à reeleição para 2026. Com isso, petistas e socialistas tendem a reviver o mesmo cenário de distanciamento nas eleições que se aproximam.
Caso esse desafio venha a ser vencido e posto em prática pelo PSB e PT, o campo progressista se fortaleceria. E, assim, poderia construir uma ampla frente para 2026, com chances reais de enfrentar e derrotar a governadora.
Fonte – Blog do Magno