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Fórum de Lisboa: Por que este encontro é indispensável para o futuro do direito brasileiro? Por Geyzon Rezende

Participei, em Lisboa, pelo terceiro ano consecutivo, de um dos mais importantes fóruns jurídicos da atualidade. Três dias no ambiente de produçãointelectual do Fórum, promovido pelo IDP em parceria com a Universidade de Lisboa e a FGV, que sempre superam minhas expectativas. Minha convicção se solidificou: eventos como este são verdadeiros catalisadores para o avanço das discussões cruciais em nosso país e para o desenvolvimento científico que tanto buscamos.

Por anos, o Fórum vem sendo alvo de críticas. O apelido “Gilmarpalooza” tentou ofuscar seu brilho, com narrativas que o reduziam a meros encontros sociais ou a um local de conflito de interesses. Contudo, ao vivenciar a experiência de perto, constata-se a profundidade e a seriedade dos trabalhos ali desenvolvidos. A realidade é que este festival de ideias vai muito além do que se vê do lado de fora, revelando-se como dias de intensos debates e troca de experiências sobre os mais variados temas.

Esta imersão permite não apenas refutar preconceitos, mas compreender a verdadeira essência e o impacto transformador do Fórum de Lisboa.

O Diálogo como Pilar do Avanço Nacional

O Fórum de Lisboa transcende a definição de um simples evento; ele se configura como um ponto de encontro vital para o debate jurídico contemporâneo. Nele, mentes brilhantes se reúnem para dissecar e debater os temas mais prementes da realidade brasileira e global.

É raro, no Brasil, observar autoridades, juristas e membros do judiciário na plateia, acompanhando atentamente os debates como espectadores. Em Lisboa, essa postura demonstra um engajamento genuíno com o aprendizado e a troca de experiências. Essa dinâmica fomenta um ambiente onde a divergência de ideias não apenas é tolerada, mas incentivada, gerando um debate plural e construtivo.

A tônica que permeou os corredores e auditórios foi a defesa incansável do diálogo como caminho para uma sociedade melhor. A visão do decano do Supremo, Ministro Gilmar Mendes, ao resumir o espírito do evento, ressoa profundamente com essa premissa:

“Nós saímos daqui muito melhores do que chegamos. Porque ouvimos a diversidade, temos consciência de que não somos os donos da verdade, aprendemos, dialogamos. Mesmo com aqueles com os quais não aprendemos, dialogamos. Mesmo com aqueles com os quais não concordamos, mas saímos daqui com, pelo menos, a outra visão, o outro ângulo da questão.”

Para nós, que atuamos na linha de frente do Direito e da política, a lição do Fórum é clara: a capacidade de ouvir a diversidade e buscar a “outra visão, o outro ângulo da questão” é o verdadeiro cerne da sua relevância. Em tempos de polarização, a busca por soluções coletivas para os desafios do país, desde as reformas legislativas até as questões de ativismo judicial, exige essa abertura ao diálogo. É esta a inovação no Direito que o Fórum promove.

Um aspecto crucial que merece destaque é o engajamento de uma centena de mulheres em diversos painéis. Este é um avanço significativo na diversidade e representatividade, elementos essenciais para qualquer debate científico robusto e para a construção de soluções mais inclusivas. 

É desse ambiente de excelência e pluralidade que surge a base para contribuições científicas significativas. O Fórum de Lisboa resultou na apresentação de 21 artigos científicos, que representam um profundo conhecimento teórico. Essas ideias e propostas debatidas irão ser sistematizadas e publicadas pela FGV.

Essa materialização do conhecimento é fundamental por diversos motivos: Solidificação da Pesquisa: Consolida o Fórum como um marco de avanço acadêmico para o Direito brasileiro e Acesso e Disseminação: Permite que a comunidade jurídica e a sociedade em geral tenham acesso a análises aprofundadas sobre temas cruciais.

Em suma, o Fórum de Lisboa não é um evento para ser subestimado. Ele se estabelece como uma plataforma indispensável para a maturidade do nosso debate jurídico e para o fortalecimento da pesquisa científica no Brasil.

Saio não apenas com uma bagagem renovada de conhecimentos, mas com a inspiração de que, mesmo diante das polarizações e dos desafios complexos que enfrentamos como nação, o diálogo construtivo, a diversidade de ideias e a busca incessante por diferentes perspectivas são os pilares para a construção de um futuro mais justo e próspero.

É um lembrete vívido de que a academia e a prática jurídica devem andar de mãos dadas, promovendo o progresso e a incessante evolução do pensamento jurídico nacional. O impacto deste intercâmbio de saberes se estenderá muito além dos auditórios, influenciando decisões, inspirando novas pesquisas e moldando as políticas públicas que beneficiarão a todos.

Que venham os próximos fóruns, e que continuemos a colher os frutos desse intenso e vital intercâmbio de saberes!

E você, qual sua visão sobre o papel de eventos como o Fórum de Lisboa no avanço do Direito brasileiro? Compartilhe sua perspectiva nos comentários abaixo!

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