Integrantes do MST ocupam áreas já desapropriadas ou que têm dívidas com poder público
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam mais nove áreas em Pernambuco, no sábado (15) e no domingo (16).
Segundo a assessoria de comunicação do movimento, as ações aconteceram no Grande Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão, em localidades que já haviam sido desapropriadas pelo estado ou tinham dívidas com o poder público.
Desde o início de abril, quando começou a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, o MST ocupou dez áreas no estado.
Ainda segundo o movimento, no fim de semana, mais famílias chegaram a engenhos em Timbaúba, na Zona da Mata Norte, que já tinham sido ocupados no dia 3 de abril.
Ainda de acordo com o MST, as áreas ocupadas não cumprem a função social. Ao todo, disse o momento, mais de 2,8 mil famílias participaram das ações no fim de semana.
Veja áreas ocupadas:
Engenho Cumbe (Timbaúba), com 200 famílias (ocupada dia 3 de abril), área pública pertencente ao governo do Estado desde 2012;
Engenho Juliãozinho (Timbaúba), com 150 famílias, terras públicas do governo de Pernambuco estão sendo arrendadas de forma irregular pela Usina Cruangi;
Engenho Pinheiro ligado à massa falida da Usina Bulhões (Jaboatão dos Guararapes), com 400 famílias, que possui irregularidades tributárias;
Barra do Algodão (Tacaimbó), com 80 famílias, por problemas de irregularidades ao imposto da terra;
Santa Terezinha (Caruaru), com 350 famílias, área com potencial produtivo ocioso, além de implicação na Receita Federal;
Fazenda Boa Esperança (Glória do Goitá), com 200 famílias, área que o MST reivindica a desapropriação, já que a localidade está sob controle de uma família tradicional da região;
Engenho Barreirinha, na Usina Santa Tereza (Goiana), com 300 famílias, área desapropriada em 2013 que ainda estava sob controle da usina;
Área da Embrapa (Petrolina), ocupada por 600 famílias para ser transformada em um projeto de assentamento da reforma agrária
Fazenda Santa Maria (Sanharó), ocupada por 250 famílias;
Engenho Água Branca da Usina Salgado (Ipojuca), localidade ocupada por 200 famílias.
Por meio de nota, o MST informou que há, em Pernambuco, 65 mil famílias vivendo em barracos de lona e 143 acampamentos. As ocupações, portanto, são uma forma de cobrar do governo o assentamento dessas famílias.
O movimento cita os artigos 184 e 186 da Constituição Federal, e diz que a reforma agrária é um “importante instrumento para combater a fome”.
O artigo 184 diz que a União deve “desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária”.
O artigo 186 diz que, para cumprir com a função social, o proprietário deve fazer um “aproveitamento racional e adequado” da área, além de promover a “utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente”; “observância das disposições que regulam as relações de trabalho” e “exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.
Respostas
Por meio de nota, o Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe) informou que uma das atribuições do órgão é mediar e monitorar os processos agrários no estado.
“Diante disso, o Iterpe vem promovendo reuniões com os movimentos, como MST, [Federação dos Trabalhadores na Agricultura] Fetape, sindicatos, associações, Ministério Público e proprietários de terra”, afirmou.
Fonte – G1