Ministro da Saúde diz que existe ‘narrativa de falta de testes’ de Covid
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça (18), no Recife, que existe uma “narrativa de falta de testes” para Covid-19 no Brasil.
Há dias, laboratórios alertam para o estoque baixo de testes diante do aumento de casos da doença causados pela variante ômicron, mais transmissível. Filas de pessoas com suspeita de Covid têm se formado em várias cidades atrás dos exames.
“Interessante é [que] depois que o Ministério da Saúde anunciou ser favorável ao chamado autoteste nas farmácias, aí começa essa narrativa que está faltando testes”, afirmou.
No contexto político atual, a palavra “narrativa” é usada de forma pejorativa para apontar uma versão dos fatos que não corresponde à realidade.
A declaração dele foi dada ao ser questionado sobre a informação dada pela Fiocruz ao Estúdio i, da GloboNews, de que a instituição poderia produzir quatro milhões de testes de Covid a mais por mês, mas dependia de demanda do Ministério da Saúde.
No dia 12 de janeiro, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) alertou que os testes no Brasil poderiam acabar por falta de insumos.
No domingo (16), uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp) apontou que 55% dos laboratórios do estado tinham estoque suficiente para menos de sete dias.
A entrevista do ministro ocorreu durante uma visita à nova sede da Fundação Altino Ventura (FAV), instituição filantrópica que tem convênio com o governo de Pernambuco para procedimentos de oftalmologia.
Os autotestes vendidos em farmácias a que se refere o ministro da saúde ainda não têm aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No dia 13, o Ministério da Saúde enviou pedido à agência para autorizar o autoteste de Covid-19 no país.
A autotestagem pode ser realizada em casa ou em qualquer lugar e produz resultados rápidos. O presidente da Anvisa, Barra Torres, disse que a aprovação só pode ocorrer se o teste for usado “dentro de uma política pública de saúde”.
Sobre a possibilidade de aumentar a produção de testes por parte da Fiocruz, Marcelo Queiroga disse que foi o próprio Ministério da Saúde que ampliou a capacidade da fundação.
Segundo a Fiocruz, a capacidade máxima de produção de testes de antígeno é de 11 milhões por mês, podendo chegar a 15 milhões mensais, em caso de aumento da demanda. A produção e o fornecimento de testes pela Fiocruz ocorrem mediante demanda do Ministério da Saúde.
“Os testes existem, a Fiocruz produzir esse teste é esforço do governo federal, do ministério da saúde, que fortaleceu aquele complexo industrial público, que integra o Ministério da Saúde, para produzir não só testes rápidos, mas o teste de RT-PCR”, afirmou.
O ministro também citou números de testes distribuídos pelo governo federal e fez previsões. “O Ministério da Saúde, só em janeiro, distribuiu e vai distribuir cerca de 28 milhões de testes. Já distribuiu, neste mês, cerca de 10 milhões ou 13 milhões de testes, e, no mês de fevereiro, 7,8 milhões”, disse.
Marcelo Queiroga também afirmou que o governo “fortaleceu” as estruturas dos laboratórios estaduais (Lacens) para a vigilância epidemiológica.
“Temos 17 Lacens, e não só nos testes rápidos, mas sobretudo na vigilância genômica, que é fundamental para identificar variantes do vírus. Foi no Brasil que as identificou a chamada variante gama”, declarou.
O ministro da Saúde também foi questionado sobre a autorização do uso da vacina da CoronaVac em crianças. O Instituto Butantan, que produz o imunizante, pretende disponibilizar doses para crianças entre 3 e 11 anos.
Ele afirmou que a aprovação depende da Anvisa e que é preciso apresentar dados sobre o imunizante. “A Anvisa aprovando, o Ministério da Saúde vai analisar, como sempre analisou. Agora, é necessário que apresente os dados científicos, as pesquisas que são realizadas com esse tipo de imunizante, não só com esse tipo de imunizante, mas com qualquer tipo de imunizante”, disse.
Fonte – G1