Novas eleições, velhos sobrenomes: disputa em Pernambuco tem força do DNA e famílias tradicionais na política
As eleições de 2022 em Pernambuco carregam um traço “familiar” nas disputas para o governo e o Senado: a presença de sobrenomes históricos, repassados de geração em geração. São filhos, netos e parentes de ex-gestores ou ex-parlamentares, que mostram a força do DNA na política local.
Quem olha a lista de candidatos ao governo do estado e ao Senado, este ano, focando nos sobrenomes, pode até pensar que pegou o túnel do tempo. Estão lá Arraes, Lyra, Ferreira, Coelho, Krause e Oliveira.
Em cada uma das chapas, a hereditariedade está presente. O tema chamou a atenção no cenário nacional e gerou debate em “O Assunto”, podcast publicado g1, num no bate papo entre a apresentadora Renata Lo Prete e o comentarista político da Globo News, o pernambucano Gerson Camarotti.
Líder na primeira pesquisa do Ipec, divulgada na segunda (15), Marília Arraes (Solidariedade) leva para o pleito o nome do avô, o ex-governador Miguel Arraes de Alencar (1916-2005).
Ele é considerado por historiadores um dos mais importantes políticos da história do estado, que governou por três vezes. Ex-PSB e ex-PT, Marília aparece isolada na dianteira, com 33% no levantamento.
Além de carregar o nome Arraes, Marília está em um novo embate familiar. Desta vez, no entanto, não será de forma direta, como em 2022, para a prefeitura do Recife, quando disputou pelo PT e perdeu para o primo em segundo grau João Campos (PSB).
João é filho do ex-governador Eduardo Campos, líder do mesmo partido, que morreu em 2014 às vésperas da eleição presidencial, em um acidente aéreo. O ex-gestor sempre teve como uma das marcas ser neto de Arraes, assim como Marília.
Em 2022, Marília, que é deputada federal, confronta o PSB e todo o legado de administrações do partido, que comanda Pernambuco desde 2007, justamente na primeira vitória de Eduardo Campos.
Na chapa, ao lado de Marília, foi escolhido o médico e deputado federal Sebastião Oliveira (Avante). Com base eleitoral em Serra Talhada, no Sertão pernambucano, ele é sobrinho do ex-deputado federal Inocêncio Oliveira, que esteve na Câmara Federal por dez mandatos.
Assim como Marília, Sebastião Oliveira tem ligação com a administração do PSB. Em 2014, no primeiro mandato do atual governado Paulo Câmara, foi indicado para comandar a Secretaria Estadual de Transportes.
Em segundo lugar na pesquisa do Ipec, com 11%, Raquel Lyra (PSDB) carrega o DNA de uma família de políticos com origem em Caruaru, no Agreste, cidade que foi governada até o início deste ano pela candidata.
O pai dela, João Lyra Neto, foi prefeito da cidade por dois mandatos e ocupou a vive-governadoria na gestão de Eduardo Campos.
Quando o ex-governador se licenciou para disputar a eleição presidencial, Lyra assumiu o governo até o fim de 2014. Outro político tradicional da família é o ex-ministro da Justiça do governo Sarney Fernando Lyra, que também foi deputado federal.
A vice de Raquel também carrega sobrenome famoso na política. Deputada estadual, Priscila Krause (Cidadania) é filha do ex-governador e ex-ministro Gustavo Krause
A chapa fica completa com um representante do clã dos Coelho, de Petrolina, no Sertão. Ex-deputado federal, Guilherme Coelho (PSDB) é candidato ao Senado. Ele vem de um grupo político repleto de ex-prefeitos e ex-parlamentares.
Guilherme é primo de Miguel Coelho (União Brasil), também candidato ao governo em 2022. Na pesquisa do Idec ele apareceu com 9%, no quarto lugar.
Ex-prefeito de Petrolina por duas vezes, Miguel, por sua vez, é filho do senador Fernando Bezerra Coelho, ex-líder do governo de Bolsonaro no Congresso Nacional, e que se elegeu na chapa de Paulo Câmara, em 2014.
A família de Miguel tem, ainda, um deputado federal, Fernando Filho, e um deputado estadual, Antônio Coelho. A candidata a vice na coligação comandada pelo União Brasil é Alessandra Vieira, mulher do ex-prefeito de Santa Cruz no Capibaribe, Edson Vieira.
Outra chapa composta por representantes de clãs políticos é liderada por Anderson Ferreira (PL), ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Ele ficou com 10% na pesquisa do Ipec, alcançando o terceiro lugar na disputa para o governo.
Anderson é filho do deputado estadual Manoel Ferreira, um dos representantes da Assembleia de Deus na política local. Tem um irmão que é deputado federal, André Ferreira, e um primo, Fred Ferreira, que é vereador do Recife.
Nessa chapa, a candidata a vice-governadora é Isabel Urquiza (PL). Ela é filha da ex-prefeita de Olinda Jacilda Urquiza e do ex-deputado estadual Hélio Urquiza.
Para o Senado Federal, o candidato de Anderson é o ex-ministro do Turismo no governo Bolsonaro Gilson Machado Neto. Ele é sobrinho do ex-deputado Gilson Machado Filho, que participou da Assembleia Nacional Constituinte, nos anos 1980.
Além de Marília, Anderson, Raquel e Miguel, e Danilo, Pernambuco tem outros seis candidatos ao governo, em 2022. São eles: Cláudia Ribeiro (PSTU), Jadilson Bombeiro (PMB) , João Arnaldo (PSOL), Jones Manoel (PCB), Wellington Carneiro (PTB) e Ubiracy Olímpio (PCO).
Fonte – G1
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