Prefeituráveis mudam rotina por causa do coronavírus e divergem sobre possibilidade de adiar as eleições municipais
As medidas restritivas determinadas pelos governos estaduais e municipais, para conter a disseminação do coronavírus, não tem mudado apenas a rotina da população, mas dos políticos, principalmente os pré-candidatos a prefeito. De acordo com a cientista política Priscila Lapa, mesmo neste cenário de pandemia, o eleitor não deixa de estar atento aos posicionamentos destes candidatos.
“Com o aumento da circulação de informações, as pessoas têm parâmetros de comparação para saber o que foi feito e funcionou, e aquilo que foi inócuo. Dessa forma, quem tentar simplesmente tirar proveito da situação, pode ter sua imagem arranhada”, pontua. A especialista afirma que a hora é de serenidade. “Não há muito espaço para a demagogia, porque os efeitos das ações precisam ser imediato”, alerta Priscila.
Sem o contato “olho no olho” com o eleitor, as redes sociais se tornaram a principal ponte entre os candidatos e a população. O cientista político Arthur Leandro, os nomes que estão colocados na mesa do xadrez político precisam deixar claros os seus posicionamentos, neste momento. “Todos os pré-candidatos devem posicionar-se em favor das medidas de prevenção, buscando informar das pessoas. Qualquer outra abordagem ficará fora de contexto – afinal, a pandemia atinge eleitores do governo, da oposição, e a grande maioria de pessoas que ainda não decidiu o voto”, afirma.
No Recife, os pré-candidatos estão em consenso sobre o uso das redes sociais para tratar do coronavírus e informar aos seus eleitores sobre as medidas que estão sendo tomadas. No entanto, quando o assunto é sobre o possível adiamento das eleições, sendo cogitada a realização de um pleito único em 2022, há divergências.
Pré-candidato pelo DEM, o ex-ministro da Educação Mendonça Filho acredita que poderá haver o adiamento do pleito, que seria realizado em outubro, mas passaria para o mês de novembro.
“Quem possa ler a Constituição Federal sabe que existe uma cláusula pétrea, que não pode ser modificada por emenda constitucional e nem por PEC, que diz que todo poder emana do povo e, em seu nome é exercido”, declara.
Isso significa, segundo o democrata, que “nenhum mandatário poderia exercer o poder como representante da população, seja como prefeito, governador, ou vereador, se não for por voto popular”. “Isso está expresso na constituição, quem propõe essa mudança não está fazendo a leitura correta”, crítica o ex-ministro.
Já a delegada Patrícia Domingos, pré-candidata do Podemos, afirma que é preciso aguardar a evolução desse cenário, diante da pandemia da covid-19. “Acredito que devemos aguardar para que possamos ter uma opinião. Não temos elementos para falar em adiamento. Se houver necessidade, todas as medidas possíveis devem ser tomadas. A prioridade é o combate do coronavírus”, afirma.
Para o deputado federal e pré-candidato, Daniel Coelho (Cidadania), o que deveria ser proposto neste primeiro momento, é a prorrogação dos prazos de filiação partidária, que termina dia 4 de abril, para que seja prorrogado por mais dois meses. “É uma forma dos partidos se organizarem e do próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), que não tem condição de fazer esse atendimento”, pontua Coelho.
“Não podemos colocar nenhum tipo de projeto partidário acima dessa situação, temos que priorizar a população. Essa questão de alterar a data da eleição, é algo que precisa ser discutido mais lá na frente”, declara.
Colocado como o nome mais indicado para a sucessão do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), o deputado federal João Campos (PSB), preferiu não entrar neste debate sobre os rumos eleitorais após efeito do coronavírus. “Agora não dá para pensar em eleição, a prioridade é salvar vidas e como poderemos amenizar a crise social. Infelizmente, essa é uma doença que de início é importada por quem é rico, mas quem vai sofrer são os mais pobres. O que temos que garantir, é que a democracia continue a existir, e depois discutiremos o que vai ser”, declara Campos.
A pré-candidata pelo PT, Marília Arraes, também afirmou que as mudanças no calendário eleitoral não é a pauta, mesmo que haja essa discussão no Congresso Nacional. “A prioridade, neste momento, é preservar vidas, tanto da doença, quanto do impacto negativo na economia, que vem com a pandemia. Essa deve ser nossa conduta no momento, pensar na proteção das pessoas”, defende a deputada federal.
Fonte – JC