Ramal para Pecém se consolida para governo Lula que quer ajudar Raquel Lyra a fazer o ramal até Suape
Apesar dos discursos dos governadores do Nordeste ressaltando a importância da conclusão da obra da ferrovia Transnordestina o encontro do Consórcio Nordeste, ontem, em Brasília, consolidou a decisão tomada, ano passado, pelo Ministério da Integração com a anuência dos governadores eleitos e atuais ministros Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CE) de apartar o ramal em direção a Suape e construir apenas o trecho Eliseu Martins (PI) Pecém (CE) fazendo a curva em Salgueiro (PE).
Posto esse quadro, o que o Governo Lula faz – sob o discurso de que a ferrovia vai ser construída com as três cabeças – é desenhar um formato que permita à governadora Raquel Lyra encontrar uma forma de conectar Salgueiro a Suape. Ou seja: a União não vai questionar o aditivo que suprimiu o trecho pernambucano embora esteja empenhada em também viabilizar o trecho até o porto pernambucano. As informações são da coluna JC Negócios.
Aliás, esse foi o eixo do ministro da Casa Civil, Rui Costa que prometeu incluí-lo no futuro programa de obras que o presidente Lula vai anunciar nas próximas semanas. Costa disse que o objetivo é encontrar uma solução, não descartando que um novo ator esteja nesse trecho.
A fala de Costa soa como música para os governadores Elmano Freitas (CE) e Roberto Fontelles (PI). O cenário de o Governo não falar mais em obrigar a Transnordestina Logística S.A. e construir os três ramais só valida a articulação da empresa ao longo de 2021 quando informou ao então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que só faria um trecho e o escolhido foi o de Eliseu Martins-Pecém. O documento foi ajustado no dia 23 de dezembro entre os ministérios da Integração, ANTT com validação do TCU.
E pode explicar a defesa enfática de Elmano Freitas ao lado de Raquel Lyra na reunião do Consórcio Nordeste de que “a Transnordestina não é para separar, mas para unir”. O governador do Ceará não poderia tomar outra atitude, até porque, para ele, a Transnordestina é apenas uma obra de seu governo que deve ser concluída no último mês do seu governo.
O cenário é muito bom para o Nordeste. Mas para Raquel Lyra sobrou o desafio de construir o ramal de Suape que, na opinião dos signatários do Manifesto da Transnordestina entregue a ela – no último dia 17 – exige se materializar pois “não se concebe um Hub-Port desconectado de uma rede ferroviária de alcance nacional e regional. Sem o acesso à ferrovia, o desenvolvimento do Porto de Suape ficaria muito aquém do seu potencial”.
Não se concebe mesmo. Entretanto, para a governadora representa uma enorme quantidade de energia a ser gasta para não entrar para a história como a chefe do Executivo que não trouxe o trem para Suape.
Ela está se mexendo. Inicialmente, os ministros Rui Costa e Renan Filho (Transportes) prometeram lhe ajudar para ao menos alocar recursos no orçamento para não deixar o que já foi feito se perder e ter uma destruição ainda mais acelerada.
Depois, lhe asseguraram que vão ajudar ao estado buscar uma solução que poderia ir no caminho de o estado assumir o projeto transformando a ferrovia numa estrada de ferro sob controle estadual ou optar por uma concessão a um investidor privado, o que a levará para conversar com a Bemisa cujo grupo estuda há 10 anos, o destino do minério de sua mina em Curral Novo (PI).
Nem a governadora admite que conversam com possíveis interessados. No máximo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti admite dizer é que está em conversas com interessados. Sem dizer quem são eles.
No final, o que sobrou para Pernambuco foi ver que a ferrovia que seus líderes sonharam na década de 90 ampliando para o Sertão os ramais da então Rede Ferroviária Federal que operava trens de carga regulares no litoral do chamado Nordeste Oriental (RN, PB, PE e AL) se transformou a partir do Governo Lula II numa promessa que agora vai primeiro para o porto de Pecém e só depois para Suape, sua maior aposta na área de infraestrutura.